Café especial é uma terminologia usada para denominar os cafés que se destacam em aspectos sensoriais de qualidade e que tem seus processos de produção rastreados, diferentemente dos cafés produzidos de forma tradicional, onde a qualidade da produção não é a maior preocupação, mas sim a quantidade produzida.
Neste pensamento mais convencional enquadramos o café como uma commodity. De forma sucinta essa é uma terminologia usada para designar produtos que são produzidos em larga escala, não se diferenciam de local de produção nem de produtor, tem baixa industrialização, alta capacidade de comercialização, capacidade de estocagem e tem seu preço regulado pelo mercado. Juntamente com o café, o petróleo, o milho, a soja, a carne bovina, o suco de laranja são alguns exemplos de commodities expressivas no Brasil.
Analisando esses conceitos entendemos o porquê do café estar trilhando um novo caminho. A rastreabilidade na produção, as análises sensoriais mais apuradas, consumidores mais conscientes, produtores gerindo de forma mais eficiente suas propriedades, preocupações ambientais, compartilhamento de conhecimento e uma comercialização mais justa e transparente são os pilares que sustentam as mudanças que vêm acontecendo no meio cafeeiro.
O caminho da mudança não é fácil, muito menos simples, fazer diferente, questionar os processos tradicionais e propor novas alternativas são desafios dessa geração que está surgindo na cafeicultura. Os primeiros passos foram dados junto com o que vimos ser chamado de terceira onda da cafeicultura, onde a conscientização sobre a versatilidade do café foi sendo difundida e analisada. As diferenças de manejo e cuidados no pós colheita foram dando resultados que fugiam do que sempre se via, cafés com perfis sensoriais diferentes, terroir sendo denominados, consumidores buscando a trajetória do produto, tudo isso foi fazendo com que a cadeia do café se movimentasse.
Sabemos que as mudanças não acontecem de maneira uniforme em todos os lugares, cada região vive a sua realidade produtiva e as transformações chegam em velocidades diferentes. Temos propriedades grandes e pequenas funcionando com processos tradicionais ainda, quase sem tecnologia, temos propriedades se informatizando e temos propriedades usando tecnologia de ponta.
Vivemos um momento de compartilhamento de informação, onde uma geração mais jovem e familiarizada com tecnologias chegou ao campo, e com isso novas tendências começaram a surgir, tanto no manejo e pós colheita, como também na gestão e comercialização do café.
Práticas mais sustentáveis onde a produção está aliada à responsabilidade socioambiental estão crescendo, hoje temos opções biológicas para um manejo menos agressivo nas lavouras, a rastreabilidade de processos de forma eficiente para identificação de problemas e soluções, o acesso a cursos e especializações trazendo a possibilidade de produtores conhecerem cada vez melhor o que estão produzindo, o entendimento sobre a gestão da fazenda para uma organização financeira eficiente. Se ficou interessado nesse assunto sobre rastreabilidade e gestão de propriedades, temos um texto aqui falando mais sobre isso!
O café especial chegou para ficar e com ele toda uma cadeia que acompanha as mudanças trazidas de forma eufórica. Ele chegou para lembrar que o café é um fruto e merece ser tratado como tal, que é a segunda bebida mais consumida no mundo, que a agricultura pode e deve ser aliada ao meio ambiente e à tecnologia. Café especial é muito mais do que um café que atinge uma pontuação de 80 pontos, é a mudança de um sistema em forma de bebida.
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